quarta-feira, 22 de abril de 2009

A infelicidade é necessária: a dor deve fazer parte do cotidiano- Ronald Dworkin

na revista Época do dia 30 de abril apareceu uma entrevista extremamente interessante de um médico e cientista político que publicou um livro chamado FELICIDADE ARTIFICIAL que acabou de ser lançado aqui no Brasil. Alguns pontos da entrevista merecem comentários.


O autor durante a entrevista fala que a infelicidade é parte da condição humana. Conforme ele, se a tristeza cotidiana é uma doença, então todo mundo é candidato a um tratamento. Isso explica por que um em cada quatro americanos toma antidepressivos atualmente.  Segundo o autor, isso é um grave problema da sociedade. Ele ressalta que às vezes precisamos passar por um forte período de infelicidade para mudar nossa vida. De acordo com o autor, a felicidade artificial (causada pelos antidepressivos) pode roubar esse impulso vital e manter as pessoas estagnadas em uma “felicidade envergonhada”. Aqui faço uma reflexão.... é realmente nos momentos de maior dificuldade que agente percebe o quanto é forte e o quanto consegue seguir em frente. As vezes um tombo é fundamental para podermos pensar de forma mais racional e conforme a filosofia do autor dessa entrevista, creio que esse grau de racionalidade e de superação necessária nessas situações pode não ser possível de conseguir. Talvez por isso ele denomine essa situação de felicidade artificial. Como o próprio nome diz, nada artificial pode ser comparado com uma situação natural.

Pessoas com felicidade artificial às vezes decidem sem clareza na mente. Essa afirmativa dele é de muita profundidade, afinal... nossos neurotransmissores tomaram um papel primordial em detrimento do verdadeiro “culpado” que são os fatos da vida.

Muitas das pessoas que o autor entrevistou tomaram decisões prioritárias na vida (como deixar um emprego ou pedir divórcio) porque a felicidade artificial silenciou os medos e a cautela natural; tornou-as inconseqüentes. Essa afirmação do autor é de extrema gravidade. Com cada vez mais pessoas imersas nesse tipo de felicidade artificial, iremos ver cada vez mais atitudes inconseqüentes por parte das pessoas. E pior ainda, como poderemos saber que determinada pessoa está mergulhada nesse tipo de situação clínica de dependência de antidepressivos ? Me pergunto se algumas das atitudes que algumas pessoas que eu conheço e que eu acho meio estranhas (as atitudes) não poderiam ser decorrentes do uso de antidepressivos, afinal... aqui no Brasil também não deve ser raro as pessoas serem submetidas a essa medicação devido a situações de infelicidade. Brincar com o controle dos neurotransmissores pode ser mais perigoso do que pensamos.

O mais grave possível é o fato de cada vez mais crianças nos EUA estarem tomando antidepressivos. Isso retira das crianças uma parte fundamental no seu desenvolvimento, que é o fato de estarem infelizes às vezes. Esse fato tem feito as crianças pensarem que a felicidade não vem do cotidiano e sim da medicina. Criando assim pessoas que não precisam de nada de ninguém e que não esperam nada em troca, tornando-as perigosas. Esse pode ser um motivo que tem levado a tantas tragédias nas escolas e universidades americanas.

Essa entrevista extremamente interessante me despertou o interesse de ler esse livro do autor. A serenidade com a qual ele expõe seus argumentos e pensamentos são realmente um convite a leitura do texto na íntegra.

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