quarta-feira, 22 de abril de 2009

O que nos faz felizes: o futuro nem sempre é o que imaginamos

Apesar do título do livro,  não se trata de um texto no estilo auto-ajuda e sim um livro super inteligente com muitos ensinamentos sobre o cérebro humano (com destaque para o nosso lobo frontal e sua capacidade de imaginar). Acabei de ler esse livro na viagem que fiz do Rio de Janeiro para Brasília e a parte aqui comentada é a que achei mais interessante (provavelmente por causa de um momento particular mas isso não interessa agora), sem desmerecer o restante do conteúdo do livro. Como o autor do livro O Poder da Inteligência Emocional - Daniel Goleman disse: “Você terá muitas doses de alegria se tropeçar neste livro”. Então vamos aos comentários:

    No capítulo 7 - O BOMBARDEIRO DO TEMPO, o autor aborda um tópico chamado “A comparação e o PRESENTISMO”. Esse tópico explica o porque que adoramos as coisas que acabamos de comprar por tão pouco tempo (vai me dizer que você nunca sonhou em comprar um determinado objeto e logo depois de conseguí-lo, você não perdeu aquele tesão todo?).  

    O autor aborda o assunto com uma situação de uma pessoa  que estava viajando na França e que encontra um casal da sua cidade e logo se tornam amigos íntimos. Isso ocorre porque se compararmos aquele casal da nossa cidade de origem, com todos aqueles franceses que nos odeiam quando não tentamos falar a língua deles, o casal parece ser excepcionalmente caloroso e interessante. Até aqui tudo normal. Qual seria então o erro que ocorre nessa situação acima? Provavelmente você não consegue pensar em nada de errado. Mas vamos continuar para que você possa perceber o que o autor quer dizer com a comparação e o PRESENTISMO.

    Quando volta da viagem, a pessoa da nossa situação acima (a que estava viajando na França e encontrou o casal), um mês após o retorno para seu país de origem, convida o casal para ir à sua casa. Aí então ela se surpreende em descobrir que, se comparados com os seus amigos de sempre, o casal é tão chato (sim, o mesmo casal que na França pareceu ser tão caloroso e interessante) que deveria ser agraciados com a cidadania francesa (pelo visto o autor não deve ter tido uma boa experiência na sua estadia na França).

    O erro não ocorreu durante a viagem, quando ela se prestou a passear com os dois chatos (o casal que era tão caloroso e interessante), mas sim quando não percebeu que a comparação feita no presente (o casal é tão mais gentil do que o garçom do Le Grande Colbert) não seria a mesma que ela faria no futuro (o casal não é tão interessante quanto os meus amigos A e B). Isso ocorre porque fazemos comparações diferentes em momentos distintos - sem perceber - esclarecendo, em parte, algumas questões intrigantes que, se não fosse por isso, ficariam sem explicações.

    Quem aqui nunca se fez a seguinte pergunta “mas como eu fui me apaixonar por ela(e) ?” “Como eu tive coragem de ficar com uma pessoa como ela(e) ?” . “Como pude ter sido tão burro(a) assim?” Com certeza todo vocês já se fizeram essas perguntas e a resposta é simples: fazemos comparações no  PRESENTISMO.

    O problema todo esta na repercussão que nossas atitudes feitas com base nessas comparações terão no nosso futuro. E cometemos esse mesmo “erro” constantemente (em parte por culpa do nosso lobo frontal ser muito ativo (leia imaginação fértil) e tentar sempre preencher o futuro com a nossa visão individualizada e única das coisas). Tudo pode se complicar mais ainda quando nos deixamos cair numa teia de situações (entenda  aqui o tal “dar corda” que as pessoas fazem) que ajudam a nos influenciar e nos levam a fazer as comparações baseadas exclusivamente no PRESENTISMO. Mas o mais surpreendente é que realizamos essas comparações baseadas no presentismo a todo instante e não nos damos conta desse processo acontecendo diariamente com nós mesmos. E tenho certeza que mesmo sabendo disso teremos imensa dificuldade em analisar as coisas baseadas em análises que não fiquem restritas apenas ao momento agora (PRESENTISMO).

    Para finalizar vou terminar com as palavras que o autor usou de forma muito lúcida para terminar o capítulo: “quando não percebemos que as comparações que fazemos hoje não são as mesmas que faremos amanhã, subestimamos como é diferente o que vamos sentir no futuro daquilo que sentimos no presente.”

    Espero que essa pequena explanação de parte do conteúdo do livro tenha feito você pensar sobre algumas atitudes que tomamos no dia a dia (baseadas nas comparações do Presentismo) e principalmente que tenha despertado a  vontade de ler o livro na sua íntegra (vale a pena mesmo) para aprender algumas curiosidades do nosso cérebro e principalmente do poder de imaginação do lobo frontal.

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